Qualquer tipo de dor quando mal tratada pode se tornar crônica, principalmente se não controlada nos primeiros três meses. Após o diagnóstico correto do que está causando a dor, inicia-se o tratamento. Existem várias estratégias nesse sentido, porém, a chave para o sucesso é a equipe multiprofissional. Pois, cada paciente é um universo diferente do outro, com múltiplas dimensões. Assim, os fatores psicossociais tais como distúrbio do humor, incapacidade de trabalhar, negação da doença e outros problemas são comumente encontrados. A dor crônica afeta múltiplos domínios da vida, por isso pacientes com dor crônica requerem avaliação e tratamento multidimensionais.
“O cuidado interdisciplinar é definido como o tratamento fornecido por múltiplos profissionais que integram a equipe reunida por objetivos comuns” (IASP, 2009). Isso quer dizer a equipe multiprofissional é focada em resultados, coordenada e orientada por objetivos. Dessa maneira, tem importante papel na orientação do paciente e familiar sobre a importância do uso correto da medicação e sua aderência. Também, juntamente com a equipe médica, ajuda no reconhecimento de comportamentos abusivos em relação a medicações.
Dentre as áreas que merecem destaque para auxiliar no controle de dores crônicas encontram-se a fisioterapia e acupuntura, pois atuam diretamente na reabilitação do paciente. Além disso, por exemplo, faz-se necessário a coparticipação de psicólogos, enfermeiros, terapeuta ocupacional, conselheiro vocacional, farmacêutico, neurologistas, anestesistas, cirurgiões, entre outros, que apoiam o diagnóstico e acompanhamento do paciente.
Inúmeras são as vantagens de um tratamento multimodal, dentre elas a evidencia de uma melhora, em longo prazo, em comparação com outros tratamentos. Assim, além da efetividade, essa abordagem é mais barata. Um exemplo é o aumento da atividade física de cerca 65%, em contraste, com pacientes que são tratados com cuidados convencionais, os quais só aumentam de 35% de sua atividade física.
Portanto, o tratamento da dor crônica vai além dos medicamentos. “É preciso desenvolver estratégias de enfrentamento. Quem pensa que o remédio resolve tudo e que o médico é o senhor das soluções esquece que a sua participação ativa no combate à dor é fundamental”, diz Manoel Jacobsen, chefe do Centro da Dor do HC. Por isso, o doente deve sair da cama. “O repouso é contra-indicado na grande maioria dos casos de dor. A imobilização do paciente causa depressão e reforça a condição de mal-estar. A pessoa precisa conviver com a sociedade”, diz Jacobsen. Daí a importância de programas que exigem a atuação de diversos profissionais.